Imitação e desenvolvimento
inicial: evidências empíricas,
Explicações e implicações
teóricas
Maria Lucia Seidl de Moura
Adriana F. P. Ribas
Universidade
do Estado do Rio de Janeiro
Palavras-chave:
Imitação,
Desenvolvimento inicial, Evidências empíricas
O estudo da imitação em crianças está presente em
diversas abordagens, das quais, em psicologia do desenvolvimento, a mais
conhecida talvez seja a piagetiana (Piaget, 1964/1978; Piaget & Inhelder,
1993). Nela é atribuído a este processo papel fundamental na construção da
representação, da função semiótica, envolvendo a diferenciação entre
significantes e significados. Para Piaget, a imitação, em contraste com a
brincadeira (jogo), assimilação quase pura, envolve o predomínio da acomodação.
São processos complementares, que, como se sabe, estão envolvidos na construção
do conhecimento por equilibração majorante, na relação dinâmica e dialética
entre os dois invariantes funcionais de adaptação e organização. A imitação,
como os demais processos cognitivos, não é inata para Piaget, e, ela mesma,
sofre um processo de transformações, a partir da ação do sujeito sobre os
objetos do meio, durante os seis estágios do período sensório-motor. Só ao
final deste último a ação se torna interiorizada, é dublada pela representação
ou se “reapresenta internamente”, e a criança adquire a possibilidade de imitar
eventos sem a presença do modelo. No início a imitação é apenas um
prolongamento da ação, envolve o que a criança já possui em seu repertório e,
no caso de movimentos, inclui aqueles que ela pode se ver fazendo. Vygotsky
(1984) também atribui importância à imitação, mas por outras razões.
Diferentemente de Piaget, para quem a aprendizagem, em seu sentido restrito,
não é fator constitutivo do desenvolvimento, Vygotsky apresenta a hipótese de
que uma intensa e dinâmica relação de influência recíproca entre esses dois
processos. A aprendizagem precede temporalmente o desenvolvimento, que consiste
na interiorização progressiva de instrumentos mediadores e se inicia sempre no exterior,
na Zona de Desenvolvimento Proximal. É na interação com outros, principalmente
em relações assimétricas com outros mais competentes, que se estabelecem as
Zonas de Desenvolvimento Proximal e se desenvolvem as funções mentais
superiores. A imitação, à qual Vygotsky atribui um papel nos processos interpessoais
através dos quais são internalizados mediadores pelos sujeitos, deve ser
compreendida nesse cenário conceitual, que inclui as noções de mediação, de
origem sociocultural das funções mentais superiores e de um enfoque genético.
https://www.youtube.com/watch?v=DxB1Wo7Vtco
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